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sábado, 24 de novembro de 2018

A PREÇO DE BANANA

A expressão remonta a um tempo em que a banana
dispensava maiores cuidados e integrava aquelas frutas já
existentes no Brasil antes do descobrimento, não sendo nem
necessário plantá-la para que desse frutos. Acusados de indolentes e incapazes para o trabalho, os índios ficaram plantando


bananeiras, em vez de cultivá-las, que é como se
denomina a brincadeira que consiste em firmar as mãos no
chão e elevar o corpo, de modo a que os pés semelhem a
bananeira. Tal metáfora inspirou-se no formato do pé dessa
erva de grande porte, cujo nome latino é musa paradisiaca
(musa do paraíso), mas que entre sua parentalha conta com a
banana-anã, a banana-caturra, a banana-d'água, a bananananica
e outras. A banana petiça, que tem esse nome por ser
baixinha, é a mais cultivada em todo o mundo, por ser tão
profícua quanto as de maior porte, porém mais resistente aos
climas frios. A banana esteve presente na condenação do
primeiro herege brasileiro, Pedro de Rates Henequim, que
entretanto veio para cá importado. Ele nasceu em Lisboa em
1680. Era filho ilegítimo de um cônsul holandês com uma moça
portuguesa muito pobre. Viveu vários anos no Brasil e voltou
para Portugal em 1722, tendo sido executado em auto-de-fé,
em sua cidade natal, em 1744. Mas o que fez Pedro de Rates
Henequim para ser queimado vivo em praça pública? Escreveu
suas pouco famosas 101 teses, nas quais defendia idéias no
mínimo curiosas e algumas delas muito divertidas. Henequim
levou a sério as idéias daqueles que consideravam ser a
América e especialmente o Brasil o mais aprazível dos lugares.
Segundo a propaganda dos primeiros séculos, aqui não corria
leite e mel porque os portugueses não tinham ainda trazido a
vaca, mas o mel era conhecido dos índios, que o extraíam de
favos na floresta. Para Henequim, Deus tinha criado o paraíso
terrestre, o famoso Éden, no Brasil. Quando os primeiros
navegadores chegaram, ainda puderam ver os últimos rastros
de Adão na praia, quando de sua expulsão pelas hostes do
arcanjo Miguel e sua espada de fogo. Convicto dessa certeza,
passou a elaborar suas teses e desdobrá-las em complexas
afirmações. O fruto proibido tinha sido a banana. Deus criara o
mundo em língua portuguesa, o idioma oficial do céu. Assim,
não dissera '”fiat lux”', que depois seria simples marca de
fósforo, mas o elegante “'faça-se a luz'”. Bem antes de Freud,
intuiu que o pecado original, sempre ligado à nudez e ao sexo,
tinha outros símbolos fálicos além da serpente. Nem figos nem
maçãs, como quiseram os renascentistas. Havia uma banana
na História da Salvação. Para cometer o primeiro pecado, Eva
não descascou o abacaxi, mas a banana.

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